quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Relações dos Dentes com as Fossas Nasais





Os dentes incisivos e caninos da maxila têm relações de vizinhança com o soalho das fossas nasais. O estudo dessas relações pressupõe o conhecimento prévio de certos detalhes anatômicos referentes às estruturas que conformam a parte subnasal da maxila, às características das raízes dos dentes e ao índice facial morfológico. Os fatores mencionados sem duvida gravitam em torno da topografia do dente e do nariz.
Do ponto de vista ósseo, as fossas nasais são dois corredores irregulares com o eixo antero-posterior, separados por um frágil septo nasal. São constituídas por ossos diferentes que se articulam, estruturando quatro paredes e duas aberturas, que em conjunto formam uma região comum ao crânio e á face.
O esqueleto das fossas nasais é completado por diversas peças cartilaginosas e por uma túnica mucosa que reveste, sem solução de continuidade, todas as suas paredes e as cavidades pneumáticas com as quais elas se comunicam. O soalho das fossas nasais tem aspecto de canal com concavidade superior, mais largo na parte anterior e com direção antero-posterior. É formado pelas faces superiores do processo palatino da maxila e das lâminas horizontais dos ossos palatinos, que se articulam com o vômer e constituem parte do septo nasal.
Os canais alveolares superiores anteriores circunscrevem a abertura anterior das fossas nasais a pouca distancia de sua parede inferior, peculiaridade aproveitada por Escat para obter anestesia do nervo alveolar superior anterior, colocando um tampão embebido de cocaína a 10% no soalho do nariz. A 20 mm da espinha nasal anterior está o canal incisivo.
Examinando-se a arquitetura da maxila em ser setor subnasal, é possível distinguir a presença de um relevo ósseo que, tendo origem no alvéolo canino, continua com o processo frontonasal da maxila até se perder na extremidade medial do processo supra-orbital; denomina-se coluna frontonasal e é uma parte que separa a fossa nasal do seio maxilar.
A coluna frontonasal é nitidamente desenvolvida nos carnívoros, sendo constituída por uma substancia óssea compactada cujas trabéculas se orientam estrategicamente para suportar pressões máximas.
Entre as tábuas ósseas compactas do palato e soalho nasal há uma camada de substancia esponjosa que, nos cortes paralelos ao plano sagital, tem forma triangular. A espessura ou altura da parte subnasal da maxila varia muito em relação ao índice facial morfológico, fator que, por sua vez, determina os diferentes tipos de crânio facial.de acordo com os valores desse índice facial, classificam-se os seguintes tipos antropológicos:

o Euriprosopos: órbitas, fossas nasais e palatos largos e baixos; ossos zigomáticos salientes e arcos dentais curtos e largos; diâmetro transversal bizigomático maior do que a altura da face; indivíduos de face larga e curta; pequena distancia entre os ápices dentais e o soalho das fossas nasais.
o Leptoprosopos: órbitas e fossas nasais estreitas e largas: palato ogival e arcos dentais alongados; a altura da face é maior que o diâmetro transversal bizigomático; indivíduos de face longa e estreita; os ápices dentais estão afastados do soalho das fossas nasais.
o Mesosprosopos: diâmetro transversal e altura da face equilibrados.

Sintetizando os conceitos expostos, os incisivos centrais e laterais se projetam sempre para o soalho das fossas nasais, qualquer que seja o tipo do crânio. Os caninos mantêm relações variáveis apenas nos euriprosopos, pois nos leptoprosopos estão situados num plano lateral em relação ao soalho das fossas nasais.
Em alguns casos, sobretudo nos indivíduos euriprosopos, os ápices dos dentes estão muito próximos do soalho das fossas nasais, sendo separados destas apenas por uma delgada camada óssea; nos leptoprosopos, com raízes dentais de pouco comprimento, a substancia óssea situada entres os ápices das raízes e o soalho das fossas nasais é esponjoso e tem considerável espessura.
Por outro lado, o soalho das fossas nasais, por ser côncavo, vai se elevando a medida que afasta da linha mediana em direção a coluna frontonasal, razão por que muito dificilmente algum espécime de raiz poderá atingi-lo. Pesquisas pessoais comprovaram que a distancia mínima existente entre os ápices dos dentes e o soalho das fossas nasais é de 2 mm aproximadamente.
A inclinação lingual da raiz do incisivo lateral é bem mais acentuada que a do central, e por isso o incisivo lateral vai se afastando do soalho das fossas nasais até emergir no substancia esponjosa retroalveolar. Isso explica por que os abscessos que tem origem no incisivo lateral afetam com mais freqüência o palato do que as fossas nasais.
Aos conceitos acima expostos é preciso acrescentar, como fator regulador das relações entre os dentes e as fossas nasais, o comprimento de cada raiz dental.
Em síntese, as relações anatomotopográficas dos dentes com as fossas nasais dependem de:

1. Índice facial morfológico;
2. Comprimento e direção das raízes dos dentes.

Os dentes que normalmente se relacionam com o soalho das fossas nasais, a distância variável segundo a forma da face, são os incisivos centrais e os laterais; estes últimos estão mais distantes das fossas nasais devido à direção lingual. No que diz respeito aos caninos, essas relações são possíveis nos euriprosopos, pois devido ao comprimento de sua raiz, esse é o dente que se encontra mais próximo do soalho das fossas nasais.
Não é raro encontrarem-se dentes ectópicos inclusos no soalho das fossas nasais e essa variação pode causar uma síndrome de obstrução nasal ou sinusites, quando acompanhada de secreções muco purulentas. Nesse caso, aconselha-se a abordagem cirúrgica segunda a técnica de Kretschmann. (ilustrado na figura)

Os cistos paradentais com origem em qualquer dos dentes implantados na região subnasal da maxila, quando em estágio avançado, podem comprometer a integridade anatômica do soalho das fossas nasais, empurrando a mucosa que forma uma saliência visível na rinoscopia anterior (sinal de Gerber).


Referência Bibliográfica

-Antomia Odontologica Funcional e Aplicada. Figun/Garino

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