quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sobre saúde bucal.

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) uniu-se a uma grande indústria de produtos para a higiene dental e resolveu estabelecer outubro como o mês da saúde bucal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 5 bilhões de pessoas no mundo sofrem de cárie. Somando outros problemas bucais, esse número pode atingir uma proporção inacreditável.Se a saúde começa pela boca, ali mesmo há um grande time de inimigos que devem ser combatidos, preferencialmente em regime de prevenção.
Placa bacteriana, gengivite, periodontite, tártaro, sensibilidade, erosão ácida. Muitos são os problemas que podem comprometer a saúde bucal e, em decorrência, a do organismo como um todo.
O periodontista Leandro Prudente recebeu a reportagem para esclarecer os problemas bucais e explicar melhor como a qualidade de vida pode ser ampliada por meio de pequenos cuidados e da prevenção.
De uma forma mais explícita, como podemos definir a saúde bucal?
Saúde bucal representa uma porção indivisível da saúde geral. Ter saúde bucal não significa apenas possuir dentes perfeitos e gengivas saudáveis, mas indivíduos saudáveis com boca saudável. A boca é um meio pelo qual nos comunicamos e expressamos nossos melhores (e piores) sentimentos. Ter saúde bucal é poder sorrir quando estamos felizes, é não trincar os dentes quando estamos nervosos, é não deixar de escová-los quando estamos tristes, ansiosos ou deprimidos. A saúde do indivíduo reflete o ambiente em que ele vive, o nível de informação que possui, o acesso a tratamento e a educação para prevenir e autopromover a sua saúde.

Como o indivíduo pode reconhecer se tem uma boca saudável?

Boca saudável é aquela sem doença como a cárie e a doença periodontal, sem feridas ou manchas, sem mau hálito e que proporcione boa mastigação, deglutição e comunicação, além de ser esteticamente agradável. É importante reconhecer a interligação entre os diversos sistemas do corpo. Desta forma, dentes sem cárie e gengivas saudáveis fazem com que você tenha uma boa mastigação. A boa mastigação proporciona uma boa digestão e, portanto, uma boa absorção de nutrientes e assim por diante. A estética tão cultuada também é importante. É muito legal poder sorrir sem traumas, porém não adianta ter dentes fortes com a gengiva sangrando. O importante é o equilíbrio dos componentes da cavidade bucal.

Que providências a pessoa deve tomar para garantir essa saúde bucal?

Ter saúde bucal é, antes de tudo, um desejo e preocupação individual, ou seja, você precisa querer ser colaborador eficaz na promoção de sua saúde bucal. Mais de 75% dos brasileiros acima de 25 anos tem algum problema com a gengiva. É mais comum do que se imagina!

Mas, que problema é esse? O que é a doença gengival?

A doença gengival é um tipo de inflamação ou infecção que ocorre na boca. A gengivite, estágio inicial da doença gengival e mais fácil de ser tratada, é uma inflamação da gengiva causada pelo acúmulo da placa bacteriana (película delicada, pegajosa e incolor que se forma acima da gengiva). A placa bacteriana oferece abrigo para mais de 400 tipos de bactérias e outros microorganismos, que se desenvolvem e se proliferam. Se não for devidamente removida pela escovação e pelo uso do fio dental, a placa bacteriana pode formar-se nos dentes e na gengiva, acarretando a gengivite. Felizmente, a gengivite pode ser tratada, evitando sua evolução para a periodontite (estágio mais sério e prejudicial da doença gengival).

Como a pessoa pode saber se tem gengivite?

Os sinais clássicos da gengivite são as gengivas avermelhadas, inchadas e sensíveis, que podem sangrar durante a escovação. É importante ter em mente que somente um profissional da odontologia pode avaliar de forma integral sua saúde bucal e determinar se você tem ou não alguma doença gengival (gengivite ou periodontite). Como alguns sintomas da gengivite não causam dor, a doença pode permanecer sem tratamento durante vários anos, caso não seja diagnosticada pelo dentista. Os sinais da periodontite incluem a presença de ulceração, retração gengival, frouxidão ou separação de dentes permanentes, qualquer alteração na oclusão dos dentes e mau hálito recorrente e/ou gosto desagradável na boca. Visitas regulares ao dentista ajudam a prevenir a periodontite.

Existe alguma forma de evitar a gengivite?

A chave para a prevenção da gengivite é a remoção da placa bacteriana que se acumula nos dentes. São extremamente importantes nesse sentido os exames regulares e a raspagem e profilaxia profissional dos dentes. Da mesma forma, é crucial a higiene bucal em casa.

O problema mais comum, e provavelmente o que leva as pessoas pela primeira vez ao consultório, é a cárie dentária? Como explicar a cárie?

A cárie dentária é uma doença infecciosa e transmissível, causada por bactérias. Os microorganismos cariogênicos, em ambiente favorável, formam colônias que se aderem ao dente, constituindo a chamada placa bacteriana dental, e acabam por promover uma desmineralização do esmalte dentário. Se este processo não for interrompido, a cárie se desenvolve, formando uma cavidade.

Que medidas a pessoa deve adotar para manter a saúde bucal?

Estabelecendo hábitos saudáveis, que garantam o equilíbrio no organismo. Para que doenças se estabeleçam na cavidade bucal, é necessário que haja um quebra do equilíbrio, seja por baixa de fluxo salivar, seja por consumo de alimentos (qualidade, quantidade e freqüência) ou por falta de uma higienização adequada, que influenciam de forma direta a quantidade e a qualidade da microbiota bucal.


Algumas medidas para a boa manutenção do equilíbrio bucal

A ingestão de 8 copos de 300 ml de água por dia, importante para a manutenção do fluxo salivar, que tem função de limpeza fisiológica da boca e, por meio de sua capacidade tampão, do equilíbrio do pH bucal.

Evitar alimentar-se entre as refeições, pois geralmente estes “beliscos” não são seguidos de uma higienização adequada, além de dificultar o restabelecimento de um pH satisfatório na cavidade bucal, o tempo de permanência do alimento na boca e a quantidade de vezes que ele é ingerido são fundamentais para o aparecimento da cárie.

A qualidade dos alimentos é muito importante, quanto mais pegajoso for o alimento, maior é o tempo de permanência dele na cavidade bucal e, portanto, maior o seu potencial cariogênico (biscoito recheado, bala caramelo etc.). Deve-se atentar, também, para alimentos que possuam açúcar oculto, como é o caso do ketchup. Os alimentos mais fibrosos promovem um estímulo maior das glândulas salivares, atuando de forma positiva na intensidade de seu fluxo.

A higienização bucal deve ser feita de forma adequada, usando a escova dental compatível com a sua boca, creme dental fluoretado não muito abrasivo, fio dental e limpador de língua. Os enxaguatórios bucais só devem ser usados em casos específicos, por conterem, em sua maioria, álcool em sua composição, o que promove uma maior descamação de células epiteliais na cavidade bucal, propiciando a halitose.


Os problemas bucais mais comuns

Placa bacteriana
Diariamente, uma camada de bactérias circula na superfície dos seus dentes. Essas bactérias, em contato com os resíduos alimentares e a saliva, formam a placa bacteriana. Apesar de quase invisível, o acúmulo da placa bacteriana é a causa da cárie, do tártaro e de doenças da gengiva.

Gengivite
O acúmulo da placa bacteriana também tem efeitos na gengiva, que se torna inflamada, inchada e, por vezes, apresenta sangramento. O sangramento gengival é um sinal de doença da gengiva. Essa doença é chamada gengivite. Essa situação sem tratamento pode levar a uma forma mais grave do problema.

Periodontite
Quando a doença deixa de estar restrita à gengiva (gengivite) e afeta outras estruturas de suporte dos dentes, principalmente o osso e o ligamento periodontal que o une ao dente, a doença passa a chamar-se periodontite. Formam-se bolsas entre os dentes e a gengiva, que são muito difíceis de se higienizarem durante a escovação. Isso é um fator que permite a progressão da doença, podendo ocasionar a perda do dente, se não tratada a tempo.

Tártaro
Se a placa bacteriana não for removida regular e eficazmente, poderá endurecer e formar o tártaro. Uma vez formado, o tártaro só poderá ser removido pelo dentista

Cárie dentária
As bactérias presentes na placa bacteriana produzem ácidos, a partir da nossa alimentação, que podem atacar o esmalte dos dentes. Apesar de o esmalte ser a substância mais dura do nosso organismo, ele é dissolvido por esses ácidos. As lesões provocadas (cáries), se não forem tratadas, vão aumentando de tamanho, podendo levar à perda do dente.

Mau hálito
Apesar de poder apresentar outras causas, o mau hálito é freqüentemente provocado pelo acúmulo de placa bacteriana e/ou presença de doenças bucais. A remoção da placa bacteriana é fundamental para um hálito fresco, assim como para a manutenção de uma boa saúde bucal

Sensibilidade
Sensibilidade dental é a dor causada pela exposição da dentina, em virtude de uma cárie ou fratura dental ou pela retração gengival. Como a raiz é coberta pelo esmalte, os milhares de canalículos dentinários ficam expostos, comunicando-se com os prolongamentos do nervo. Assim, quando alimentos frios, quentes ou doces entram em contato com as extremidades dos nervos pela movimentação de líquidos no interior dos canalículos, estes são estimulados e respondem mediante dor

Erosão ácida
Erosão ácida é o desgaste precoce do esmalte dos dentes e é causada principalmente por alimentos e bebidas ácidas como vinagres, refrigerantes, sucos e frutas ácidas. Algumas das conseqüências da erosão ácida são o amarelamento dos dentes, bem como pequenas fissuras, alteração na forma dos dentes e sensibilidade


Fonte: ABO – Associação Brasileira de Odontologia/Colgate

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